segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Entrevista aos GRITO - OI NORTENHO!!!!


Quem são os GRITO? Como e porquê surgem?

Saudações, os Grito! São uma banda composta por 3 amigos que se conheceram á 3 anos, diferentes nos seus gostos e influências, mas todos com o bichinho por fazer música e com preocupações sociais e origens semelhantes, somo uma banda de classe operária pois temos consciência e orgulho nas nossas origens humildes e trabalhadoras, não somos filhos de pais ricos, não temos dinheiro para material para tocar, vemos a música não como uma forma de ganhar uns cobres mas sim numa forma de perder o pouco que temos em troca de diversão e intervenção. Surgimos a partir de um desafio lançado por mim que já compunha algumas músicas em casa com o objectivo de formar uma banda de Oi! Lancei esse desafio ao João e ao Dihem em tom de brincadeira, e quase sem dar por ela começamos os ensaios. O João era um Guitarrista sem banda e que dava uns toques de bateria e o Dihem um amante da música e de punk em particular que nunca tinha tocado um instrumento na vida, mas como o punk e o Oi! Nos transmitiu, qualquer um pode fazer música, e se sentimos falta de uma banda como nós no panorama musical em Portugal, porque não sermos nós a por mãos á obra.




Grito porquê? O que significa para vocês?


Existem várias razões para termos este nome, achamos desde o início que a nossa música deveria ser um grito vindo dos subúrbios, dos becos e de todos aqueles que têm sido impedidos de transmitir a sua mensagem e as suas ideias ao mundo, rompendo com a pasmaceira intelectualoide que pauta a música actual e dos últimos anos.


Inspiramos-mos também numa banda dos anos 80 os Grito Final para a escolha deste nome pois queríamos quase prestar homenagem a todos aqueles que bem cedo começaram a abrir as portas que se calhar nos permitem hoje estar a fazer esta entrevista e a dar concertos etc.


Por isso para nós Grito! Significa mesmo um basta a esta sociedade, um grito de revolta, um romper completo com a música artificial e oca que reina nos nossos dias.






De que falam as vossas letras? Quem as escreve?


As nossa letras falam de problemas reais, que afectam o nosso dia a dia, falam de bebedeiras, diversão, basicamente falam de tudo, as vezes falam das coisas que não passaria pela cabeça de nenhum músico escrever sobre tal assunto. As letras são escritas por mim, mas tentam sempre reflectir os pensamentos do grupo e não apenas os meus.






Como definem o vosso som?


Definimos a nossa música como são puro e simples das ruas, como Oi! Álcool e Revolução.






Quais são as vossas principais influências em termos de banda? e pessoalmente o que é que cada um ouve?


Temos bastantes influências, principalmente de bandas de Oi! como CockSparrer, Cockney Rejects, Last Resort, Perkele, 4 Skins, Los Fastidios, Crack, Molodoi!, tudo o que seja bom Oi!, mas é evidente que a nossa maior influencia e inspiração são os enormes Garotos Podres.


Eu sou o elemento que é completamente viciado em Oi! e Punk, embora também seja apreciador de Soul, Ska, Reggae, Rocksteady entre outras coisas. O Dihem é apreciador de Punk, Rock, Indie, Stoner, Post-Rock, Post-Punk é bastante ecléctico nos seus gostos.


O João também partilha logicamente o Punk , Sludge, Trash, Stoner entre outras .







Sendo vocês uma banda punk? Oi? O que é para vocês o punk? e o oi? É política? é um movimento social? é somente música e divertimento?


Somos uma banda de Oi! Punk não separamos uma da outra, pois Oi! não é mais que um subgénero de Punk dentro do qual nos enquadramos melhor. Para Nos o Punk e Oi! é tudo isso junto. É diversão, bebedeira, movimento, música, modo de vida e de intervenção social, pois não somos uma banda politizada! Somos sim uma banda com posições sociais bem definidas como é o Antifascismo e todo o tipo de descriminação latente a essas ideias de extrema-direita bem como Anticapitalistas, por não nos revermos no modelo de sociedade actual. Cada um tem as suas ideias Politicas dentro da banda e é respeitado por tal, não vemos a necessidade de politizar a banda nem como Anarquista, Socialista ou Comunistas, Somos uma banda de Oi! Punk e Chega.






Vocês são uma banda do porto. Podem fazer uma breve descrição como está a cena punk aí na invicta? Bandas? Distros? Salas de concertos? Ou algo mais que achem vale a pena falar?


O Punk na Invicta nunca morre, pode variar o numero de pessoas que vivência este estilo de música, mas existe sempre aqueles que o mantêm vivo e que continuam puros ao fim de tantos anos nisto.


Existem bastantes bandas ainda, estando a aparecer algumas mais recentes, sendo a nossa uma delas pois só temos 2 anos de existência, que comparado com bandas que já ca andam a muito tempo não é nada.


Em termos de bandas temos por exemplo Dokuga, Eskisofrénicos, Freedoom, Motörnoise, Trashbaile, Artigo 19, Fina Flor do Entulho, Dead By Pregnancy, Destruction Eve, Li no Chão entre outras isto estando só a falar das bandas residentes na cidade.


Distros temos por exemplo a Gato Horrível que nos tem acompanhado e convidado em alguns concertos.


E em Termos de Espaços temos alguns bares com música ao vivo que têm aberto as portas para concertos punk, mas falar de punk na invicta e não falar da Casa Viva é como vir ao porto e não ir á ribeira. Para nós é, e será, o melhor sitio onde já tocamos, tudo graças ao ambiente vivido e a toda a camaradagem e amizade que reina aquele espaço maravilhoso.






Já têm algo gravado? Onde arranjar?


Temos um álbum gravado com o nome de Sinfonias Contemporâneas de Casa de Banho, de produção e edição própria e é possível encontra-lo através de uma pequena pesquisa no google pelo nome do álbum, ou se não quiserem fazer o download podem ouvir no youtube a maioria das músicas está por lá, e para aqueles com vontade de ter o disco em formato físico podem compra-lo nos concertos.


Estamos já a prepara um E.P. com o nome e data de lançamento a anunciar brevemente, posso adiantar que é dedicado á cidade do Porto.






Concertos ao vivo? Têm tocado? com que bandas têm dividido o palco? E quais recomendam?


Neste 2 anos já demos mais de 10 concertos, com as mais diversas bandas em locais muito variados, ja partilhamos palco com bandas como Dokuga, Destruction Eve, Vai-te Foder, Quebra Cabeças, Come Cacos, Society Scum, Excremento, Fina Flor do Entulho, Dead By Pregnancy, Carlos Crüst e mais umas quantas... todas têm a sua originalidade e recomendo-as a todas.


Alguma história engraçada ou triste que queiram partilhar no blog?


Histórias engraçadas não faltam nestes dois anos, desde tocar para velhotes na praia de espinho mesmo em frente ao casino, e em que descobrimos que a nossa música pode ser banda sonora de um bailarico, mas o maior insólito penso ter sido no primeiro concerto, pois foi marcado sem falarem connosco, e termos tido conhecimento apenas com uma semana de antecedência de tal acontecimento. Ainda hoje não sabemos quem nos meteu nesse concerto!


Os Momentos tristes não merecem ser lembrados sequer, só tentamos retirar os bons momentos desta nossa aventura musical

O que é necessário para pôr os Grito a tocar?


É apenas necessário contactarem-nos combinarmos data e local e material e se for bastante distante do porto, apenas um contributo para ajudar á viagem e á alimentação. Não queremos ganhar dinheiro com a música.


Ultimas palavras para os leitores do blog.


Agradecer desde já a vossa paciência para lerem uma entrevista sobre nós, uma saudação a todos vocês, e um enorme abraço e um obrigado ao pessoal do blog, contem sempre connosco!




sábado, 28 de janeiro de 2012


Os ASFIXIA são um banda dos suburbios de Lisboa, que começaram em 2010. Aqui se segue uma pequena entrevista quando a banda se encontra em gravação do seu primeiro registo.



 Os ASFIXIA são uma banda relativamente recente, mas com pessoal com muita andança dentro do panorama underground tuga. Como surgem e porquê?

Ora bem, os ASFIXIA surgem pela vontade em que havia já á muito tempo de o RUI (Crise Total/Rolls Rockers) e o Jonhie (SIMBIOSE/ZOOTIC/ALBERTFISH/LOV DA XIT) de quererem fazer alguma coisa junta, além dos Crise Total (que hoje em dia é um projecto só ao vivo praticamente) uma cena de originais , sem estilo próprio a vêr o que saía. Mais tarde juntou-se a Inês (voz) e o Mardem(baixo).

O Nome ASFIXIA? Alguma definição plausível? Ou é só um nome?

Não , não é só mais um nome.Tem mais a vêr com aquilo que te dão todos os dias e que tu não queres, e dai sentes-te asfixiado, o nome vem mais dai... ehehehhehehhe




De que falam as vossas letras? Quem as escreve?

As nossas letras falam de critica social, dos problemas do dia a dia, inspiração nas ruas, no trabalho, a vêr os telejornais(que nos dão vontade de rir), tudo o que nos rodeia , tentando dár a nossa opniao sobre varios temas.
As letras são escritas esencialmente pelo jonhie, apesar da inês também escrevêr algumas.



 

Têm tocado com alguma regularidade ao vivo. Com que bandas é que já dividiram o palco e quais vos deram mais prazer de tocar e porquê?

Não tocamos com ASFIXIA assim tantas vezes, mas realmente  ouve uma grande química com os Gazua, na tournado tour em 2011. Pessoal 5 estrelas e que nos deu a oportunidade de abrir para eles em vários sitios do pais.


 Em termos de banda quais são as vossas maiores influências? E em termos pessoais quais são as vossas maiores influências?

De banda secalhar BAD BRAINS,DEAD KENNEDYS,LA FRACTION, RAMONES não sei algo assim.Agora em termos de membros uiiiiiiiiiii...Rui é mais rock, a inês mais metal , o João mais hardcore e o Jonhie ouve tudo (grind/crust/metal/punk) .


 Não sei se vocês gostam do rótulo, mas eu considero-vos uma banda punk-rock. Posso vos perguntar o que é para vocês o punk?

Pois eu tambem não sei bem o que somos, sei que a atitude é punk!
para mim (Jonhie) o punk é uma forma de intervenção e critica social,é têr uma opnião sobre as coisas que te rodeiam e poderes dizê-la ao microfone, acompanhado de musica basica que soa muito bem, mesmo muitas vezes só tendo 3 acordes.
A cena do moicano, da roupa a rigôr a mim já me passa ao lado. Mas respeito, mas sem duvida para mim a atitude é a q conta mais sem duvida.



Acham o punk um movimento político? Ou somente social/cultural? Ou só mesmo música?

Pode sêr um movimento politico tambem, se inserir-mos a politica no social/cultural termos vários exemplos da cena anarckopunk  SIN DIOS , CRASS e muitos mais. Apesar neste momento o que se vive, é que para os mais novos o punk é rebeldia, é um estilo somente musical , onde se pode cantar aquilo que bem se intendêr e sêr muita maluco! Para muitos esta é a visão do punk... por isso é que todos os canais de radio e  musica passam bandas punk da actualidade!o que era impensável nos anos 70/80 por exemplo. Mas tambem em 40 anos muita coisa mudou, muitas gerações passaram, e o estilo está todo subdividido e muitos miudos nem sabem de onde o punk vem ou que representa! E as referências que têm já não são as mesmas que nós tivémos, não se isto é bom ou é mau, o que sei é que não foi este o punk que eu conheci e me identifiquei!
 

Como descrevem o actual panorama punk em Poortugal? Que bandas curtem? Distribuidoras? Salas de concerto? Etc…

Olha neste momento resiste uma cena punk em portugal!Acho que o movimento punk neste momento em cidades como o Porto, Aveiro, Setubal é existente, são cidades que sentem o punk como nós sentia-mos em lisboa nos anos 90. Onde  havia espaços alternativos(pequenos clubes,sociedades, okupas etc), onde havia sitios onde podia-mos tirar informação, falar uns com os outros, fazêr e organizar eventos alternativos a um aluguer de sala+ P.A. com custos reduzidos.Hoje em dia o que vivêmos em lisboa , vai contra a cultura punk na minha opnião.
Sobre bandas á muito boas bandas em portugal não vou citar nenhuma ,na base de me esquecer de alguma ahahahahhaha




De certeza que os ASFIXIA já têm algumas histórias engraçadas ou tristes. Querem partilhar alguma com os leitores do Blog?

Uma das histórias mais engraçadas, foi na galeria do desassossego que trataram-nos tão bem ao jantar, que quando fomos para cima de palco estava a vêr que já não dava para tocar(acho que foi do medronho)



 Para quando um registo de ASFIXIA?

para breve amigo ,muito breve alias já começamos a gravar ahahhahahaha...em breve terás noticias.

O que é necessário para por os ASFIXIA a tocar? Condições?

conforme o sitio do pais, mas falem sempre conosco para asfixiaoficial@gmail.com

Ultimas palavras para os leitores do blog?

Antes de mais obrigada pelo apoio á banda, e para os leitores do teu blog espero vê-los nos concertos não só dos Asfixia  mas de todas as bandas nacionais.APOIEM O UNDERGROUND!abraço,Jonhie.

sexta-feira, 11 de março de 2011

FOTOS DO CONCERTO DE GAZUA E ASFIXIA



ERA PARA TER EXISTIDO REVIEW DO CONCERTO E ATÉ ENTREVISTAS ÁS BANDAS!!!!
mAS ACABOU POR SER SOMENTE UMA GRANDE NOITE DE PUNK-ROCK, COPOS E CAMARADAGEM!!!!
UM GRANDE ABRAÇO AOS GAZUA, AOS ASFIXIA E AO DJ BILLY!!!!

TRUST FALL DOWN


GRANDE AMIGO DANNY


ABRE A PESTANA


DJ BILLY


MOSSDEB


KALLAH BOKAH


ASFIXIA


GAZUA

quinta-feira, 10 de março de 2011

entrevista a Albert Fish




Fiquem a conhecer esta grande banda  punk rock de Lx, já com 16 anos de existência



Pergunta da praxe, já sabem qual… como nascem os Albert Fish, e um pouco da sua história?
Rattus- Os Albert Fish nasceram em 1995 e a história também é da praxe relativamente a qualquer banda Punk Rock… 5 amigos juntaram-se para fazer barulho, curtirem ao máximo e porque não… colocar o dedo na ferida relativamente a alguns tópicos por vezes incómodos. A banda já sofreu algumas alterações no line up e 16 anos são um pouco difíceis de sintetizar em algumas linhas, mas contamos com 2 álbuns, 2 split cds, várias demos, 7” e compilações. Temos algumas centenas de concertos nas pernas incluindo algumas Tours pela Europa e uma no Brasil.



O nome Albert Fish porquê? Visto ser uma personagem um bocado nojenta.
Rattus- Não damos muita importância ao nome, não passa de um nome. O que nos fascinou na altura foi o facto de uma pessoa tão asquerosa e maquiavélica estar por detrás da imagem de um cidadão exemplar. A alcunha do Albert Fish era “avozinho carinhoso” para se ter uma noção. E é realmente e infelizmente uma situação não tão incomum na sociedade em que vivemos: lobos em pele de cordeiro.





Os membros dos Albert Fish têm ou tiveram projectosparalelos?
Rattus- Eu tenho os Facção Opposta e estou nos Crise Total para além de outros projectos. Já estive nos M.A.D, Clockwork Boys, Los Kuernos de La Bestia, etc e mantenho com outro amigo a editora Zerowork Records para além de colaborar em algumas publicações. O Daniel já tocou em Reltih, New Winds, Liberation, M.A.D., Mindchange, Los Kuernos de La Bestia entre muitas mais. O Claudino estava nos SK6 e anteriormente teve os Bootleggers, Take This, Error#11 e Brucelose para além de nos Estados Unidos ter tocado nos The Charm (com malta de Les Baton Rouge). Para além disso já passaram pelos Albert Fish membros de outras bandas como Skamioneta do Lixo, Luv da Xit, Simbiose, Croustibat, Beringelas, SIStema, Rock’n’Bock, Fiona At Forty, Vicious 5, Paizinho e os Putos, No Class Youth, Sicko Lolitas, Escargout entre outras…

 

 De que falam as vossas letras?
Gustavo- Procurando ser sintético e abrangente … a merda de mundo que criamos e em que vivemos e que está mais do que na hora de o mudar.




Em relação á vossa discografia, podem falar um pouco sobre os vossos discos? Coisas boas? Coisas menos bem conseguidas? Algumas histórias relacionadas? O que vos apetecer?
Rattus- Relativamente à nossa discografia:
-We Don´t Eat Children For Breakfast (demo tape 1996)
-Six Pack (demo tape 1997)
-Take A Break (demo tape 1998)
-s/t (promo cdr 2001)
-Strongly Recommended (CD 2002, Anticorpos/ Zerowork Recs)
-Garotos Podres/ Albert Fish Split Cd (CD 2006, Grtpd/ Anticorpos/ Zerowork Recs)
-Ao Vivo Na Feira Mix – 1998 (cdr 2008, Infected Records)
-Demos 96 (cdr 2008)
-News From The Front (CD 2009, Raging Planet/ Zerowork Recs/ Your Poison/ Graver/ Criminal Attack)
-Friendship – Blind Alley Dogs/ Albert Fish split (CD 2011, Zerowork Recs/Your Poison/Graver/Oi! Tapes)

Algumas compilações:
-A Nossa Luta (cdr 1999, VDF)
-Street Loyalty (tape 2001, Fightback)
-Rocksound Vol 6 (CD 2003, Rocksound Portugal)
-Delfins Not Dead (CD 2004, Lótus/ Som Livre)
-Tocabrir 2005 (CD 2005, CML)
-Ataque Frontal (CD 2006, Impulso Atlântico)
-Entulho Sonoro 1 (CD 2007, Underworld)
-Riot Not Quiet #1 (cdr 2007, RNQ)
-Infected Records DIY Fest (cdr 2007, Infected Records)
-Punk & Destroy Vol.II (mp3 2008, Punk & Destroy)
-Intolerant?
Me? Perspectivas (CD 2008, PAR)
-Vozes De Burro Não Chegam Ao Céu (cdr 2009, Punk’n’Gil)
-Punkarte (7” EP vinil 2009, Anime)
-Underground Anthems (7” EP vinil 2009, ZW/Bandworm/CanISay/DieUltimaChords/Infected/YP)
-Círculo De Fogo #9 Sinergia (mp3 2010, Círculo de Fogo Netlabel)


Com que bandas é que vos deram mais prazer dividir o palco? Porque sei que já tocaram com grandes nomes da cena punk internacional?
Gustavo- Das bandas de “fora” é mais tocar no mesmo palco do que conviver, aquelas que nos marcaram mais pelo convívio foram os Garotos Podres sem dúvida, uma das melhores experiências que tivemos, pessoas impecáveis e que nos deram a conhecer o melhor lado da amizade e do espírito que gostamos no punk, Varukers com os quais passamos uns momentos bem porreiros e bem-dispostos … quem diria?!?!?! e Los Fastidios que são grandes dentro e fora de palco. D.P.E. pelas pessoas, pelo espírito que encarnaram, pelo apoio que nos deram e por Aljustrel que é a nossa segunda casa. Decreto77, porque nos admiram tanto como nós a eles e são todos excelentes pessoas, além de uma grande banda. Acromaníacos … vá-se lá saber porque … talvez por terem todos nascido no Júlio de Matos e por lá continuarem a viver e ensaiar até hoje. Os Crise Total … o Manolo é o maior!!
Rattus- Há bandas que já são quase família, como os Decreto 77, Crise Total, Acomaníacos, Blind Alley Dogs, Simbiose ou Dalai Lume. De fora claro, os Garotos Podres. Também me deu prazer tocar e conviver com os Klasse Kriminale e com os Deadline. E não me posso esquecer dos nossos grandes amigos Katéter da Hungria e Inadaptats (agora Eina) da Catalunha. Os The Casualties também já quase são da casa!



Que bandas é que mais os influenciam, em termos de banda e em termos pessoais (membros da banda?)
Gustavo – Em termos de punk e coisas parecidas, (porque ouço muita coisa diferente), Censurados, Dead Kennedys, Bad Religion, Adolescents, Descendents, Angry Samoans, L7, Fugazi, Black Flag, Rudimentary peni, Rancid, Operatyon Ivy, Ramones, Crass, Bad Brains, Circle Jercks, Anti-Flag, subhumans, zero boys, a/political, etc. …
Rattus- Tanta coisa que se torna ingrato referir só algumas, mas posso disparar para o ar os The Clash, Undertones, The Jam, Molodoi, Banlieu Rouge, Komintern Sect, Secret Affair, Stiff Little Fingers, Social Distortion, The Templars ou Blitz.



O que é para vocês o punk? E o movimento punk?
Gustavo- O Punk é um estado de espírito representado pela angústia, pela raiva, pelo inconformismo, pela revolta e pela independência de pensamento … vem tudo da cabeça e das ideias que dela emanam. É o conteúdo e não a forma. Quanto ao movimento punk, falando de Portugal que é o que melhor conhecemos, continua pequeno, escondido, simples, empenhado, dedicado e brigão … e a promover as ideias que falamos anteriormente … pelo menos a parte dele que nos interessa.
Rattus- Mais do que o aspecto musical, o Punk para nós distingue-se dos outros movimentos precisamente pela sua consciência política e social. Não faria sentido para nós usarmos Albert Fish para escrever músicas de amor ou de como o sol é bonito.



Acham o punk um movimento político? Ou somente social?
Gustavo- Existe nas duas formas, depende de quem agarra nele e da forma com o usa. Se não é as duas, devia ser … politicamente consciente e socialmente activo. Politicamente consciente, na denúncia de tudo aquilo que nos faz mal, que nos trata mal, que nos desconsidera. Socialmente activo, na produção de alternativas e mantendo as condições para que essas alternativas se expressem e existam.


Como descrevem o actual panorama punk em portugal? Que bandas curtem? Distribuidoras? Salas de concertos? Etc
Gustavo- Falamos do panorama punk em Lisboa, que é aquele que nos é mais familiar. Parece estar a surgir um pessoal novo com gana e que está a pegar nas mãos aquilo que outros já deixaram por cansaço e desilusão. Estão a organizar concertos com bandas que estão a começar, a trazer algumas bandas de fora de Portugal e a juntarem bandas mais antigas. Pode ser o começo de uma cena punk mais pujante em Lisboa … vamos ver. Bandas cá do burgo, temos aí os Decreto77, os Acromaníacos, os Desobediência Geral, os The Skrotes, os Dalaí Lume, No Good Reason, , Skina Carroça, Canhões de Guerra …
Quanto às salas de concerto, a coisa está agora a arrancar numa sala do Ginásio do Alto do Pina, vamos ver se pega e se continua … vamos ver até quando os proprietários vão aguentar a gula de aumentar os preços.
Rattus- O Punk em Portugal continua pequenino e mesmo sendo pequeno há atrasados mentais que de punk não têm nada e continuam a ver isto como uma competição quando o Punk é exactamente o oposto. Dizem mal dos outros sem nada de positivo construírem. Mas felizmente são uma minoria e ficamos por aqui. Relativamente a distribuidoras cingem-se principalmente às poucas (mas boas e batalhadoras) editoras que temos, para além da já referida Zerowork temos a Infected Records, a Your Poison, a Can I Say e num patamar mais profissional a Raging Planet. Salas de concertos não há grandes alternativas mas acaba por haver um pequeno circuito pelo País. É de louvar quem mantém salas fora de Lisboa ou Porto e contribui para a descentralização dos concertos. Bandas actuais de referir, para além das que o Gustavo mencionou: Blind Alley Dogs (excelente streetpunk de Coimbra), For The Glory e Overcome (para os amantes de Hardcore), The Ratazanas (banda de topo na cena Europeia de Early Reggae), Asfixia e Gazua (Punk Rock), Rock n Bock e SIStema (Drunk Punk).



Já fizeram algumas tours, podem falar um pouco delas, onde andaram? Com q bandas tocaram? Etc?
Gustavo- As mais marcantes foram a primeira pela Europa e a do Brasil. A da Europa começou no País Basco e acabou em Barcelona, com concertos na Holanda, Alemanha, Hungria e Itália. A banda mais conhecida com quem tocámos terá sido talvez Possible Suspect na Holanda, as outras já é difícil lembrar os nomes. Foram dias muito bem passados, que contribuíram para crescermos muito enquanto banda, infelizmente não aproveitámos o balanço que a experiência nos deu da melhor forma. No Brasil, foi quase sempre com Garotos Podres, exceptuando um concerto com Muzzarelas em Campinas. Foi a experiência mais surreal que tivemos e acho que iremos ter enquanto banda. Histórias … muitas e boas … nem dá para retratar quase nada, na maioria coisas de nada … de um mundo completamente à parte para quem visita a América do sul pela primeira vez. Desde tocar dentro de depósitos de água, conhecer o lado menos turístico do Rio de Janeiro, encontrar pretos nazis, tocar numa sala cheia de polícias armados de metralhadora, o clima, as pessoas, aparecer na televisão … mas acima de tudo partilhar isso tudo com o pessoal de Garotos … todos eles óptimos companheiros de estrada e de ar!!
Rattus- Corrigindo o Gustavo, nessa tour a banda mais conhecida com que tocámos foram os Zounds, banda inglesa da Crass Records, com quem tocámos em Amesterdão. Foram realmente as Tours mais marcantes, a primeira na Europa, as 2 semanas no Brasil e acrescentaria a Tour com os Varukers.


Têm alguma história engraçada para contar? Ou triste?
Gustavo- Em 16 anos de banda não faltam histórias. A maior parte delas pessoais e que devem continuar assim. Existe uma que tem alguma piada e um dia podemos talvez disponibilizar as imagens … envolve Budapeste e pornografia … claro!! A dos pretos nazis assim resumidamente … chegamos ao local do concerto em Brasília e estava um pessoal à porta que foram ter com o Rattus para tirar fotos, de repente sacam todos da saudação nazi e o Rattus à toa, descobrimos depois que estavam armados e com o propósito de matar o vocalista de Garotos Podres, descobrimos também que o organizador do concerto estava armado, tal como um gajo que estava em cima de palco a fazer segurança e sabe-se lá quem mais … todos de pistola, a dada altura da nossa actuação, entram talvez uns 20, 30 polícias todos armados de metralhadora e nós a tocar e a tentar ver quando o ambiente rebentava e dava merda da grossa … felizmente correu tudo bem para toda a gente.
Rattus- Histórias há muitas… apanhar o Biff de Varukers de manhã à procura de ácidos no chão da carrinha, stresses na fronteira entre Rep Checa e Eslováquia por pensarem que éramos nazis, madrugadas à procura de squats e sermos encaminhados para casas de putas em Den Hag na Holanda, passarmos por um tiroteio no Rio de Janeiro e depois porrada entre gangs no concerto mesmo ao lado da favela, etc. Uma que me marcou muito foi em Tocantins, acompanhámos os Garotos Podres numa sessão de autógrafos na loja Rock Convenience e apareceu um grupo de putos que tinham feito largos quilómetros a pé pois só tinham dinheiro para o bilhete do festival. Já no recinto do concerto fizemos uma colecta de dinheiro entre os membros de Albert Fish e Garotos Podres para oferecer aos putos para que pudessem comer qualquer coisa… e vieram as lágrimas aos olhos dos putos. A lista continuava, dava para escrever um livro!


Dentro do panorama punk/hc/skin que bandas aconselhavam a procurar ouvir, informar-se sobre?
Gustavo- Eu destacava Rudimentary peni, Minor Threat, Crass, Black Flag, Bad Brains, Bad Religion e  bérurier noir pela mensagem que estas bandas deixaram que me parece importante do meu ponto de vista pessoal, Censurados como é óbvio pela importância que têm para o punk português, mas acima de tudo, que ouçam e se informem de todas as bandas com que descubram alguma afinidade, importante é manterem presente a importância da mensagem , mais do que a estética que estes estilos devem transportar, também importante claro.
Rattus- Eu aconselhava a descobrirem outras cenas que não a Inglesa e a americana, pois o Punk/Oi!/HC é muito mais vasto que apenas esses 2 países. Eu pessoalmente tenho uma paixão pelo Oi!/Punk francês: Komintern Sect, Bérurier Noir, L’Infanterie Sauvage, Molodoi, Camara Silens, West Side Boys, Trotskids, e muitas mais.



O que é preciso para pôr os albert fish a tocar? Condições?
Gustavo- Acima de tudo, vontade em nos ter a tocar. Depois depende muito de quem nos convida (amigos e pessoas que conhecemos e sabemos o que podem dar ou desconhecidos) e da natureza dos eventos (benefits, organizações de pessoal amigo e independente), normalmente as condições são as suficientes para pelo menos não perder dinheiro, quando os eventos são de maior dimensão e aquilo que se cobra às pessoas já é qualquer coisa, fazemos as contas e pedimos o preço que achamos justo. Acima de tudo é importante referir, que infelizmente ninguém alguma vez ganhou dinheiro com a banda, pelo contrário.


Ultimas palavras para os leitores ( se os houver) do blog mossdeb77
Gustavo- Não deixem de aparecer num concerto nosso quando estivermos por perto e vocês também, que apoiem a música que vive fora do radar mediático, que mantenham as vossas cabeças a pensar e não se deixem afundar. Por último, que sigam este blog com atenção, que a pessoa que a ele se dedica é alguém que conhecemos de há muito e que tem provado durante todo este tempo ser uma excelente pessoa e um grande amigo. Abraços!!Rattus- Obrigado a ti pela entrevista e acima de tudo pela amizade de anos. Um obrigado também a todos os que de uma maneira ou outra nos ajudaram nestes já longos anos de luta e de divertimento. See ya!